Apoio humanitário

Solidariedade internacionalista à Cuba denuncia os agravos do bloqueio dos EUA durante a pandemia

A ilha é o único país latino-caribenho a produzir vacina própria da Covid; porém, o bloqueio estadunidense dificulta a entrada de seringas e insumos que se tornaram mais urgentes com a chegada da pandemia
Em campanha internacional de solidariedade à Cuba, uma rede de artistas, intelectuais e movimentos sociais se mobilizam em favor do povo cubano. Foto: JC Mazella

Da Página do MST

Há quase 60 anos, Cuba sofre com o bloqueio dos Estados Unidos, tomado por embargo comercial, econômico e financeiro que causam prejuízos bilionários ao país. Porém, com a chegada da Covid-19, tal bloqueio tem afetado até mesmo os direitos mais fundamentais, de ter acesso a insumos urgentes, inclusive para manter o plano de vacinação cubano. Devido a isso, a partir de uma campanha internacional de solidariedade à Cuba, uma rede de artistas, intelectuais e movimentos sociais se mobilizam em favor do povo cubano e denunciam os agravos humanitários da medida norte-americana.

Atualmente, devido às dificuldades tomadas a partir da pandemia e a queda brutal do turismo – uma das principais fontes de ingresso de moeda estrangeira no país -, reflete na crise econômica enfrentada pelas(os) cubanas(os). Pois, apesar de Cuba ser o único país latinoamericano e caribenho a produzir sua própria vacina contra a Covid, faltam seringas e insumos básicos de caráter emergencial para vencer as mazelas que se agravam desde a chegada do novo Coronavírus.

A pequena ilha na América Central, localizada a 140 km ao sul dos Estados Unidos, investe em ciência e biotecnologia na produção de vacinas há mais de 30 anos. E atualmente possui cinco vacinas próprias contra a Covid-19 que estão sendo desenvolvidas, sendo elas a Soberana 1, Soberana 2, Soberana Plus, Abdala e Mambisa. Mas, somente em 2020, já durante a pandemia, Cuba registrou perdas estimadas em US$ 3,5 bilhões, por conta da imposição do bloqueio, que dificulta o acesso a insumos médicos, entre outros de caráter urgente.

Durante a gestão do presidente americano Donald Trump, o embargo ainda foi recrudescido com a aplicação de 243 medidas coercitivas unilaterais, afetando diretamente o envio de remessas dos EUA à ilha caribenha e o acesso a combustível. Este ano, é a 29ª vez que por meio de resolução na Organização das Nações Unidas (ONU), que se pede pelo fim do bloqueio que perdura desde 1962. A proposta apresentada anualmente denuncia o prejuízo de US$ 147,8 bilhões em quase 60 anos de bloqueio. Durante a Assembleia Geral da ONU, que ocorreu no último dia 23 de junho, 184 países votaram contra o bloqueio imposto pelos EUA à Cuba.

Ao falar dos prejuízos impostos pelo bloqueio estadunidense, em live da Rede Soberania e Brasil de Fato RS, Ricardo Haesbaert da Associação Cultural José Martí, exemplificou: “Se fossemos mandar daqui do Brasil um container de 20 polegadas, que cabe em torno de 1 milhão de seringas, para Cuba, o custo seria em torno de 2 mil dólares. Se fosse direto da Flórida, para o Porto de Mariel, seria em torno de 400 dólares”.

Campanha Internacionalista em solidariedade à Cuba

Dessa forma, várias campanhas têm sido promovidas no Brasil pelos Comitês de Solidariedade à Cuba. “Os principais impactos do bloqueio criminoso dos Estados Unidos na vida do povo cubano são a falta de acesso a medicamentos e alimentação”, conta Cássia Bechara, do Coletivo de Relações Internacionais do MST. Em campanha conjunta ao MST, Chico Buarque, Frei Betto, Eric Nepomuceno, Fernando Morais e João Pedro Stédile assinam nota se solidarizando com o povo cubano e mobilizando arrecadações.

“Por isso, além da gente apoiar a campanha de arrecadação de recursos para envio de insumos médicos para Cuba, o MST também está doando 240 kg de sementes de hortaliça para o Ministério de Agricultura de Cuba para apoiar o desenvolvimento da soberania alimentar no país”, explica Cássia, salientando que também estão trabalhando junto com algumas organizações internacionais, entre elas a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), para tentar garantir o envio de 10 mil toneladas de arroz orgânico das cooperativas do MST para o povo cubano.

Como os aeroportos da Ilha ainda não estão abertos aos voos turísticos, os donativos do Brasil chegam lá graças à Câmara Empresarial Brasil-Cuba, que se encarrega de adquirir os produtos mais urgentes indicados pelas autoridades cubanas e impedidos de entrar pelo bloqueio do governo dos Estados Unidos. A Câmara Empresarial sabe como fazê-los chegar ao país com a devida nota fiscal. Em data recente, remeteu à Ilha 1 milhão de agulhas e seringas e, agora, neste agosto de 2021, 400 mil sondas vesicais.

Para contribuir com seringas e insumos para Cuba basta doar via PIX: CNPJ 34.131.511/0001-64 ou enviar transação bancária para o Banco do Brasil, na conta da Câmara Empresarial Brasil-Cuba. Agência 4770-8 Conta corrente: 13844-4.

*Editado por Solange Engelmann