Sem Terra ocupam fazenda no norte do Espírito Santo


Da Página do MST

Na última segunda-feira (10), cerca de 130 famílias do MST ocuparam a Fazenda Palmeiras, localizada no município de Montanha, extremo norte do Espírito Santo. A fazenda pertence a família Simão, uma tradicional família da região, a qual detêm terras em diversos municípios do estado, utilizando-as para pecuária extensiva.

Da Página do MST

Na última segunda-feira (10), cerca de 130 famílias do MST ocuparam a Fazenda Palmeiras, localizada no município de Montanha, extremo norte do Espírito Santo. A fazenda pertence a família Simão, uma tradicional família da região, a qual detêm terras em diversos municípios do estado, utilizando-as para pecuária extensiva.

As 130 famílias já se encontravam acampadas na área do Assentamento Adriano Machado, no município de Montanha, aguardando serem assentadas. Diversas ações foram realizadas no intuito de pressionar para que a criação do assentamento fosse efetivada.

“A ocupação é uma das ações mais importante que o MST realiza desde seu surgimento, pois expõe as contradições da questão agrária e quem são os aliados e os adversários da Reforma Agrária, pois têm que tomar partido e mostrar a cara”, discorreu Adelso Lima, da direção estadual do MST.

Nos últimos anos, com o avanço do agronegócio, essa região vem sendo tomada pela monocultura de cana-de-açúcar e pelo cultivo de eucalipto. Para Adelso, essa é uma forma de modernizar o latifúndio improdutivo, impedir a democratização da terra e a geração de emprego e renda às famílias.

Dessa forma, a Fazenda Palmeiras, como diversas outras no norte do Espírito Santo, estava para ser transformada numa grande plantação de eucalipto, principalmente para fornecer à empresa Fíbria. No dia da ocupação, pistoleiros encapuzados e fortemente armados abordaram diversas pessoas que seguiam em direção à área.

Concentra de terra

O Extremo Norte capixaba está entre as regiões com maior índice de concentração fundiária no Espírito Santo. É uma região sob o domínio do latifúndio e, consequentemente, é uma região que concentra um grande número de famílias sem terra.

“A ocupação de terra continua sendo uma forma de luta atual e necessária para exigir a Reforma Agrária, já que expõe que os locais onde há concentrações de terra há população disposta a lutar por ela”, salientou Adelso.

A maior concentração de terra (veja o mapa) ocorre no Litoral Norte e Extremo Norte capixaba. O Censo Agropecuário de 2006 revela que 93,99% dos estabelecimentos capixaba são pequenos (menos de 100 hectares), mas ocupam apenas 46,73% da área. 

Os médios estabelecimentos (de 100 a 1.000 ha) com 5,19% do número ocupam 35,33% da área. E os grandes estabelecimentos (acima de 1.000 ha), com apenas 0,18% do número, ocupam 17,95% da área. Ou seja, há muitos pequenos proprietários com pouca área, enquanto médios e grandes proprietários dominam a maior parte.

Como afirma Adelso, a concentração da terra acontece combinada com a concentração urbana – já que segundo o Censo demográfico de 2010, 84,36% da população capixaba estão nas cidades -, com a concentração da pobreza, com a violência, dentre outros problemas enfrentados pelo conjunto da população.

Para agravar a situação, está prevista a instalação da fábrica de Medium Density Fiberboard (uma das principais em matéria-prima da indústria moveleira), provinda da plantação de eucalipto desta região. Com isso, há a tendência da expansão da monocultura de eucalipto, agravando ainda mais a situação da população capixaba. A obra está prevista para iniciar em 2013 para que a operação comece em 2015.

“A Reforma Agrária continua sendo uma necessidade do conjunto da sociedade para enfrentar diversos problemas, seja na democratização da terra, da renda e riqueza, dos problemas ambientais, da violência, inclusive a urbana. Uma ação eficaz para os camponeses Sem Terra construírem vida digna e território livre e sob o controle dos trabalhadores”, disse Adelso.