Ocupações de terras improdutivas marcam jornada na Bahia

 

Por Ana Maria Amorim
Da Página do MST



O massacre de Eldorado dos Carajás completa quinze anos neste mês. A tragédia, marcada pelo assassinato de 19 trabalhadores sem-terra, representa o descaso do Estado com a Reforma Agrária e a impunidade aos criminosos.

Para marcar a data, o MST intensifica as ações pela Reforma Agrária no país, com uma jornada nacional de lutas. Na Bahia, desde o primeiro dia do mês o movimento realiza ocupações de latifúndios, marchas e protestos.

 

Por Ana Maria Amorim
Da Página do MST

O massacre de Eldorado dos Carajás completa quinze anos neste mês. A tragédia, marcada pelo assassinato de 19 trabalhadores sem-terra, representa o descaso do Estado com a Reforma Agrária e a impunidade aos criminosos.

Para marcar a data, o MST intensifica as ações pela Reforma Agrária no país, com uma jornada nacional de lutas. Na Bahia, desde o primeiro dia do mês o movimento realiza ocupações de latifúndios, marchas e protestos.

A jornada de lutas cobra o assentamento das 25 mil famílias acampadas na Bahia e políticas públicas para o desenvolvimento da produção agrícola nos assentamentos, com a criação de um programa de instalação de agroindústrias.

No extremo sul do estado, duas fazendas foram ocupadas no sábado. As terras, localizadas nos municípios de Alcobaça e Teixeira de Freitas, somam mais de dois mil hectares. Segundo o coordenador do MST no sul do estado, Evanildo Costa, as terras estão abandonadas pelos proprietários e em cada uma das fazendas há cerca de 200 famílias sem-terra acampadas na espera da desapropriação.

O extremo sul já contabilizava oito ocupações de terras nesta segunda-feira, envolvendo mais de 2.000 famílias Sem Terra. Dentre as terras ocupadas, está o conjunto Muqui, área de 6,8 mil hectares, de propriedade da multinacional Veracel Celulose. Segundo o MST, a multinacional, que trabalha com a monocultura de eucalipto, possui irregularidades, como o uso de terras devolutas do estado e crimes ambientais.

Nesta segunda-feira, 120 famílias ocuparam a fazenda Sapucaia, próxima ao município de Camacã, no sul da Bahia. As terras desta fazenda, conforme laudo do Incra, são consideradas improdutivas há mais de dois anos. Apesar disso, as terras ainda não foram usadas para a reforma agrária.

A segunda-feira também amanheceu em luta no nordeste do estado. A rodovia BR-110 foi bloqueada por uma marcha de 430 Sem Terra em direção a Paulo Afonso. O coordenador do MST na região, Luís Ferreira, explica que o objetivo é conseguir uma reunião com a Companhia Hidroelétrica do São Francisco (Chesf) e com o Incra para que as terras excedentes da Chesf, que não são utilizadas pela companhia, sejam transformadas em assentamento para as 250 famílias que ocupam a área há 5 anos.

Três fazendas foram ocupadas no norte da Bahia por cerca de 800 famílias. Dentre elas, a fazenda Mariad, em Juazeiro, de propriedade do colombiano Juan Carlos de Abadia, líder de um cartel de tráfico de drogas e acusado de assassinar mais de 300 pessoas na América Latina. Também foi ocupada a fazenda Salitre, devido ao não cumprimento de acordo feito entre o MST e o estado para o assentamento de mil famílias sem-terra. “O acordo, que foi firmado em 2007, nunca saiu do papel e o Incra jamais reconheceu a área como assentamento”, afirma Jaílzon Santos, dirigente do Movimento.

Nas terras ocupadas na região da Chapada Diamantina também há marcas de proprietários envolvidos em crimes. Cerca de 600 famílias ocuparam três fazendas de Augusto César Requião, preso em 2010 a partir de uma operação da Polícia Federal pelo combate da exploração de caça-níqueis e jogos de azar. Requião foi acusado de crimes como formação de quadrilha e lavagem de dinheiro.