MST recebe prêmio nos EUA pelo incentivo a produção agroecológica

 

 

Por Vanessa Ramos
Da Página do MST

 

 

Por Vanessa Ramos
Da Página do MST

A Coalizão Comunidade Soberania Alimentar (Community Food Security Coalition -CFSC) concedeu ao MST o 3º Prêmio Anual de Soberania Alimentar. A premiação foi realizada no dia 6 de novembro, durante a 15º Conferência Anual do CFSC, em Oakland, Califórnia, EUA. Em nome do MST, dois militantes estiveram no evento e receberam o prêmio: Janaina Stronzake e Elias Araújo.

“O premio é um reconhecimento tanto da proposta do Movimento de produzir alimentos saudáveis, de maneira sustentável, em quantidade e qualidade suficiente para todo um povo, quanto reconhece a importância do MST no cenário internacional como movimento de resistência ao capitalismo, e de construção de novas formas de sociedade, novas economias, novas pessoas, novas culturas”, disse Janaina.

Em comunicado por email, o Diretor Executivo da CFSC, Andrew Fisher, agradeceu ao MST pelo esforço de garantir a soberania alimentar brasileira e do mundo. Em texto, ele disse: “o MST foi escolhido para receber o prêmio devido ao excelente trabalho, promovendo soberania alimentar através da conscientização da população, ações em nível local, desenvolvendo e implementando programas e políticas; reconhecendo a importância de ações coletivas para que ocorram mudanças sociais; reconhecendo as conecções globais no trabalho de soberania alimentar e demonstrando claro reconhecimento da importância de mulheres nas questões de agricultura e alimentação”.

Um dos momentos mais bonitos do evento, de acordo com Janaina, foi a cerimônia de entrega do prêmio. “Nós entregamos nossa bandeira aos companheiros e companheiras do Black Panther (Panteras Negras). Foi um momento muito bonito, de irmanamento internacional. Muitas  que assistiam o evento, nos contaram que foi um momento muito emocionante, ver juntos o MST e Black Panther”, contou ela.

Nos Estados Unidos, segundo Janaina, o MST é reconhecido como um dos maiores  movimentos da atualidade, capaz de propor e executar novas possibilidades de produção agrícola.

 

Foto do Prêmio

Leia, abaixo, entrevista com Elias Araújo sobre o a importância da premiação.

Qual é a importância de receber o 3º Prêmio de Soberania Alimentar?

Receber o Prêmio de Soberania Alimentar foi um momento de muita satisfação pelo fato de saber que o MST, junto com outros movimentos, como a Via Campesina, está contribuindo para a formulação de uma estratégia de ação além do que se convencionou chamar de segurança ou justiça alimentar. A entrega desse prêmio foi o reconhecimento disso, desse processo de mobilização que o MST, junto à Via Campesina, está fazendo no Brasil e no mundo.

Para o MST significa, além de reconhecimento, um compromisso com a sociedade. Um compromisso de estar articulando os parceiros dos EUA, que indicaram e aprovaram o MST para o prêmio desse ano, o 3º Prêmio, mas, um compromisso de estar mobilizando os movimentos e a sociedade internacional na construção do um movimento pela soberania alimentar.

Nesse momento, há um enfrentamento contra a alimentação industrial, contra o uso dos agrotóxicos e contra o monopólio das grandes empresas transnacionais na agricultura. Portanto, para o Movimento, significa um compromisso de intensificar a luta no planeta do combate a esse modelo de desenvolvimento do Capital, que compromete a soberania alimentar dos povos.

Durante o evento, deu para perceber como a comunidade internacional vê o MST?

O evento foi um momento de junção de todas as organizações que têm a sua atuação direcionada para a produção de alimentos. Então, tinha um grupo ligado a Via Campesina, que está envolvido no movimento de soberania alimentar, mas, tinha também ONGs, pesquisadores, profissionais de saúde, que defendem questões mais específicas como a qualidade dos alimentos. Então, muita gente conhecia o MST e entendem que é um grande um movimento, que tem ajudado a construir o conceito de soberania alimentar e não da segurança alimentar, inclusive, enfrentando o que os organismos multinacionais pensam.

As pessoas vêem o MST como um movimento grande. Portanto, como um movimento que inspira, que emotiva, que ajuda a aglutinar forças para o que estão chamando de movimento pela soberania alimentar.

Gostaria de acrescentar alguma coisa?

O MST é reconhecido lá fora por desenvolver agricultura, por lutar por alimentos saudáveis. Esse prêmio é pra nós um reforço e a ideia de que a Reforma Agrária precisa ser mais valorizada. Há um reconhecimento dos parceiros da Reforma Agrária, a nível internacional, de que o movimento é um instrumento, de que a Reforma Agrária é necessária, que ela precisa ser, de fato, encarada como um mecanismo que vai garantir a soberania alimentar.