Colheita do arroz ecológico mostra a força da Agricultura Familiar



Por José Coutinho Júnior
Da Página do MST



Mais de 850 pessoas estiveram presentes na 9° Abertura da Colheita do Arroz Ecológico do Rio Grande do Sul, que ocorreu nesta segunda-feira (2) no assentamento Capela, município de Nova Santa Rita.

Além da presença de agricultores de diversas regiões do estado que produzem arroz orgânico, deputados e assentados do Paraná, também participaram do evento o governador Tarso Genro (PT), o Ministro do Desenvolvimento Agrário Pepe Vargas (PT-RS) e o Ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra Coelho (PSB).


Por José Coutinho Júnior
Da Página do MST

Mais de 850 pessoas estiveram presentes na 9° Abertura da Colheita do Arroz Ecológico do Rio Grande do Sul, que ocorreu nesta segunda-feira (2) no assentamento Capela, município de Nova Santa Rita.

Além da presença de agricultores de diversas regiões do estado que produzem arroz orgânico, deputados e assentados do Paraná, também participaram do evento o governador Tarso Genro (PT), o Ministro do Desenvolvimento Agrário Pepe Vargas (PT-RS) e o Ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra Coelho (PSB).

O governador Tarso Genro foi o responsável por fazer a abertura simbólica da colheita do arroz agroecológico pela manhã. Em seguida, Tarso Genro visitou a lavoura de arroz e a unidade de beneficiamento, onde se produz arroz a vácuo, capaz de estender a vida útil do produto. Enquanto a embalagem normal permite seis meses de vida, o arroz embalado a vácuo resiste por um ano. 

O governador, ao demonstrar estar muito contente com a experiência do arroz agroecológico nos assentamentos, reforçou a parceria de políticas públicas, de projetos na reestruturação da cadeia do arroz e a parceria política de trabalho entre os assentados e o governo.

Tarso Genro também destacou o fato desta ser uma das maiores experiências de arroz orgânico no Brasil. “O governador reforçou o compromisso dele com a agricultura familiar e com os assentados da Reforma Agrária, e junto com o Ministro da Integração Nacional, assinou um termo de trabalho de revitalização da irrigação dos assentamentos, que incluirá das barragens à água potável”, comentou Nelson Luiz Krupinski, Coordenador da Cootap.

Além disso, um ato político que contou com falas dos representantes de agricultores e dos deputados presentes foi realizado antes do almoço coletivo, cujo cardápio oferecia salada, aipim, churrasco e, claro, arroz orgânico. Para encerrar a abertura da colheita, houve a integração entre os agricultores que estavam presentes no evento.

Histórico

Segundo Nelson, 407 famílias estão envolvidas diretamente no projeto do arroz orgânico, além de outras 1226 famílias ligadas indiretamente na cooperativa. O projeto atinge 16 assentamentos e 11 municípios da região de Porto Alegre e São Gabriel, e a estimativa desse ano é que se colham 340 mil sacas de arroz.

A produção do arroz na região começou em 2001, com a troca de experiências entre os agricultores assentados para definir um modelo viável de produção e comercialização do arroz agroecológico.

Em 2006, resolveu-se a questão da produção e começou a se pensar em como comercializar o produto. Esse processo deu origem às cooperativas e a cadeia de arroz criada, que, de acordo com Nelson, “envolve todos os aspectos da cadeia de produção do arroz orgânico na região: produção, secagem, armazenagem, beneficiamento e o mercado em si”.

A experiência também foi bem sucedida por causa da crise do arroz convencional. “O modelo tecnológico baseado nos pacotes de financiamento de adubo encareciam para quase 1800 reais o hectare, e com o arroz ecológico se gasta por volta de 900, 980 reais por hectare, então o custo é baixo. O pacote tecnológico, ao elevar os custos, não dava ao agricultor o retorno financeiro necessário para ele plantar na safra do ano seguinte. O ciclo convencional do arroz não serve para os pequenos agricultores, no caso os assentados”, conta Nelson.

A importância da agroecologia

Entendida como uma nova forma de lidar com a natureza e produzir, o modelo agroecológico coloca-se como alternativa ao agronegócio. Nelson avalia que “a agroecologia é outra dimensão de negócio, de empreendimento, de se relacionar com a natureza, com a produção e o mercado. É diferente do convencional, que preza pela produtividade e lucratividade sem medir as conseqüências dos aspectos ambientais, da saúde das pessoas, das águas.

Para ele, a produção baseada na agroecologia reforça “o cuidado com a vida, com a natureza e os recursos naturais. Não vamos liberar água contaminada para os rios e córregos que vão para as bacias e que abastecem as cidades. Já o arroz trabalhado no modelo tecnológico ‘de ponta’ do agronegócio larga toneladas de agrotóxico por ano nas águas. Nós temos um respeito pela natureza, um compromisso com a vida das pessoas e principalmente com a qualidade dos alimentos que eles vão consumir e que nós estamos produzindo”.

O coordenador aponta que para o modelo agroecológico funcionar, é preciso que haja baixo investimento, cooperação entre os agricultores e o manejo diferente com a terra.
“O agricultor que produz o arroz orgânico vive em contato com a natureza e acompanha todos os ciclos da produtividade, então o preparo do solo, o manejo das águas e das pragas são diferentes. É um novo jeito de fazer, não com menos retorno produtivo ou econômico, mas com mais atenção ao meio ambiente e ao trabalhador. Por isso que a agricultura familiar é um dos principais fatores para que a agroecologia dê certo”, pontua.